quinta-feira, 29 de agosto de 2013

‘Meus filhos homens me respeitam mais agora’, brinca Zé Ramalho, sobre show com Sepultura


RIO - Os ensaios ainda não começaram, e falta definir muita coisa para o encontro de Sepultura com Zé Ramalho no Palco Sunset do Rock in Rio, no dia 22 de setembro. Mas, mesmo antes de o show existir, alguns efeitos dele já podem ser sentidos, como explicou Zé Ramalho:
— Meus quatro filhos homens passaram a me respeitar bem mais — brincou.
Banda e cantor se reuniram na tarde de quinta-feira para contar o que estão pensando para o show. O encontro é na verdade um reencontro — a primeira vez foi na trilha de “Lisbela e o prisioneiro”, numa versão turbinada de “A dança das borboletas” (parceria de Zé com Alceu Valença). Mas agora eles tocarão juntos ao vivo pela primeira vez. No repertório, estão previstas canções como “Jardim das acácias” e “Admirável gado novo”, além de “A dança das borboletas”. Zé cantará pelo menos uma do Sepultura “Ratamahatta”.
— Em “Lisbela” foi uma sugestão de André Moraes (produtor responsável pela trilha) — lembra Andreas Kisser. — Foi inusitado, não conseguíamos ver como seria. Mas quando nos juntamos foi ótimo.
O guitarrista do Sepultura identificou pontos de proximidade entre eles:
— A atitude, o coração. Porque quando se é honesto, não tem estilo, não tem divisão. E a raiz do rock, que é muito livre. O rock vai em tudo quanto é lugar. A raiz do Zé é muito rock.
Zé Ramalho concordou, lembrando que foi arrastado para a música depois de ouvir Beatles pelo rádio:
— Luiz Gonzaga, Dominguinhos, vim a descobrir essa música depois. Antes, ouvi Beatles num rádio e deu uma coisa dentro de mim, uma vontade de tocar um instrumento. Só anos depois descobri o Nordeste naturalmente e consegui juntar com o rock naturalmente. Todo meu trabalho tem embutido algo de rock — avaliou. — Fico entusiasmado por participar, com mais de 60 anos, de um festival como o Rock in Rio, ao lado de uma banda poderosa. Com o Sepultura, em “A dança das borboletas”, me senti crescendo em meio a tanto poder, a tanta vibração. Derrick fez uma tradução pro inglês da música na hora de gravar, e quando eles tocaram era o mundo se acabando!
Andreas fez piada:
— Virou “A dança dos morcegos”.
A possibilidade de críticas vindas dos fãs do Sepultura não preocupa Andreas:
— Crítica a gente recebe de qualquer forma. Mas o Sepultura sempre educou seus fãs a esperar o inesperado, fizemos vários discos diferentes — disse o músico, apontando a discriminação sofrida pelo heavy metal. — O público do heavy metal não é tão respeitado, é ignorado num “Criança esperança”, por exemplo. Ele vota, tem estudo. Não é, como muitos pensam, barulho e arruaça.
Zé Ramalho engrossou o coro:
— Certamente a Globo ia arrecadar mais se botasse o Sepultura e outras bandas de heavy metal tocando.
Após informar que não terá nenhum músico de sua banda no palco, o paraibano resumiu o espírito do encontro:
— Seremos só eu e Sepultura. E eu estou bem enterrado com eles.

Sepultura vai 'explorar voz grave' de Zé Ramalho em show no Rock in Rio

Apresentação inusitada encerra programação do Palco Sunset no festival. 'Dança das Borboletas', 'Ratamahatta' e 'Jardim das Acácias' estão no set


Além de poder ver o repeteco do dueto do Sepultura com o Tambores du Bronx, sucesso na edição de 2011 do Rock in Rio, os fãs da banda de heavy metal terão dose dupla na edição 2013 do festival. Já se sabe que essa parceria deu certo. Mas o que dizer do dueto inusitado de Sepultura e Zé Ramalho? Provavelmente vai funcionar. A banda de metal e o cantor paraibano já se juntaram para gravar “Dança das Borboletas” – composição de Zé Ramalho e Alceu Valença – para o filme “Lisbela e o Prisioneiro” e em vídeo para a TV Globo, esta será a primeira performance ao vivo. Faltando um mês para o show que encerra a programação do Palco Sunset no Rock in Rio, os artistas adiantaram um pouco do repertório em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (22) na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

O repertório inclui, além de “Dança das Borboletas”, “Jardim das Acácias” e “Admirável Gado Novo” de Zé Ramalho, que ganharão novos arranjos. “A gente está explorando e quer fazer uma coisa nova com a voz grave do Zé Ramalho”, disse o guitarrista Andreas Kisser, acrescentando que a insólita junção se dá pela atitude de ambas as partes. "Tecnicamente cada um tem suas diferenças, mas quando você se expressa honestamente através da arte não existe estilo. A gente se conectou por isso e temos o privilégio de fazer a música do Zé Ramalho de maneira diferente”, concluiu.

O cantor, que aceitou o desafio de usar sua voz potente em "Ratamahatta" do Sepultura, disse estar entusiasmado por participar “de um festival do porte do Rock in Rio aos 60 anos e ao lado de uma banda poderosa como o Sepultura, que já tocou nos quatro cantos do mundo inteiro”. Zé, presente na edição do Rock in Rio em 2001, contou ainda que a participação lhe rendeu prestígio em casa. “Agora meus quatro filhos homens passaram a me respeitar muito depois que souberam que eu ia tocar com o Sepultura. Agora eles me olham diferente”, acrescentando que embora a tarefa pareça simples e fácil, a apresentação é uma grande responsabilidade e que é preciso oferecer o máximo para a plateia do Rock in Rio.

Zé Ramalho deixou claro que, mesmo que o seu som seja conhecido pela característica regional, foi arrastado para a música por causa do rock. “Eu era jovem e ouvi no rádio uma música dos Beatles e aquilo me deu uma agonia, uma vontade de tocar um instrumento. Depois é que consegui juntar a música trazida da minha região com essa eletrificada. Raul Seixas já falava que Gonzagão e Elvis Presley eram próximos”, disse. A paixão pela guitarra fez com que convidasse Sérgio Dias Baptista e Pepeu Gomes para gravar “Dança das Borboletas” em ocasiões diferentes. Após a coletiva, ele brincou com Derrick Green que no dia do show seus filhos vão “tietar” o vocalista do Sepultura.

Quanto a possíveis críticas do público de heavy metal à junção com o cantor paraibano, Kisser não se preocupa. “Nosso fã está sempre esperando o inesperado da banda. Cada um tem um gosto, uma liberdade de expressão e a gente respeita isso. A gente aprende a conviver com as críticas e cresce através delas”.

Diretor artístico do Palco Sunset, o músico Zé Ricardo falou do desafio de superar o sucesso da apresentação do Sepultura com Tambores du Bronx e que acredita que a junção do heavy metal com Zé Ramalho seja uma boa aposta. "A gente vem da participação do Sepultura em 2011 no Sunset grandiosa, que arrebatou o Rock in Rio. Fiquei na expectativa do que teria nesta edição para ter esse arrebatamento. Quando falamos no nome do Zé eu fiquei aliviado. De cara identifica essa junção pela atitude dos dois. O público do Sepultura é exigente, que conhece música, que estuda, que sabe quem é o baterista, o guitarrista, a ‘batera’ que ele usou para gravar a música tal”.
 
Fonte: G1

 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

JPG espanta o frio de Macaé, RJ, com dois shows na cidade


A banda apresenta um mix de hip-hop e do rap até o samba, funk e rock. Entre os integrantes da banda está João Ramalho, filho de Zé Ramalho.

A banda JPG vai animar as noites frias de Macaé, interior do estado do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira (15) e sexta-feira (16). A banda, formada por João Ramalho (voz lead – violão), Phil Braga (violão e voz) e Gema, no cajón, instrumento de percussão que se tornou uma das marcas da banda, se apresenta na boate Ópera Club e no Seu Adonias Botequim.
A JPG toca um mix de hip-hop e do rap até o samba, funk e rock e costuma levar grande público aos locais onde se apresenta. A primeira apresentação em Macaé será às 23h desta quinta-feira, na boate Ópera Club. A segunda será na sexta-feira, às 22h, no Seu Adonias. 
Nos shows desta semana, além da tradicional seleção de covers, as apresentações em Macaé contarão com músicas próprias da banda, com levadas dançantes. Entre os títulos das canções próprias está a nova “Te Quero”.
Na estrada desde 2002, a banda ganhou vida em Niterói após reunião dos músicos Phil Braga, Eduardo Gema e João Ramalho, que traz no DNA o gene musical de seus pais, o cantor e compositor Zé Ramalho e a cantora Amelinha. A JPG traz no currículo a participação no filme “A Máquina” de João Falcão, e a abertura de shows para grandes nomes da música nacional, como Los Hermanos, Lulu Santos, Nando Reis, Fernanda Abreu e Jorge Ben Jor.

Fonte: G1

 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Se 1% comprasse a biografia de Zé Ramalho, venderia mais de 2 livros


O público carioca estava com saudade de Zé Ramalho… Sem fazer show na cidade onde mora desde antes de ser submetido a uma cirurgia no coração, o músico paraibano lotou o Vivo Rio, que tem capacidade para 5 mil pessoas, e ainda ganhou um coral afinado com suas músicas e com seu tom. No show “Sinais dos Cantos”, no sábado (03/08), Zé atacou com seus clássicos e agradeceu pelo carinho dos fãs, dos familiares (estavam lá os filhos João, Maria M., José e Linda) e dos médicos responsáveis por sua revascularização miocárdica, que foram à casa de shows prestigiá-lo.
“Quatro dos meus seis filhos estão aqui e os médicos que me deixaram pronto para voltar ao palco, também”, avisou o cantor.

Zé apresentou o mesmo show a que assisti em Curitiba. E, mais uma vez, senti falta das músicas de seu ótimo disco, “Sinais dos Tempos”, lançado em 2012. Não que eu não seja apaixonada pelos clássicos que ele entoou (“Vila do Sossego”, “Chão de Giz”, “Garoto de Aluguel” e “Admirável Gado Novo” foram só alguns deles). Sou, sim. Tanto que, já em “Avôhai”, não consegui segurar o choro. Mas também sou grande admiradora do Zé Ramalho renovado, das canções mais recentes, que revisitam sua obra de outras formas. Leia esse post antigo para entender do que falo.
Sobre o choro, bom, tenho mil motivos para me emocionar com essa e tantas outras canções de Zé Ramalho. Um deles é o fato de estar trabalhando em uma biografia do artista que ainda não conquistou uma editora. Há também alguns motivos para isso. Compreendo quando um editor me diz que o jurídico da editora não aconselha apostar em um livro deste gênero desde que Roberto Carlos conseguiu através da Justiça recolher das livrarias a biografia de Paulo César de Araújo, “Roberto Carlos em Detalhes”. Mas não respeito o editor de não-ficção – como eles chamam os que avaliam projetos de biografia e que não deveria ser um profissional ignorante a ponto de não conseguir fazer uma pesquisa sobre o tema proposto por quem lhe apresenta o projeto – que chega ao ponto de dizer: “Zé Ramalho vai vender dois livros!” E olha que um desses me falou exatamente isso muito antes de Roberto Carlos fazer essa lambança que fez com nós, profissionais do texto.

Chorei de raiva desse e de outros que me falaram outras abobrinhas, quando Zé começou a tocar seu maior clássico, dedicado ao avô que o criou, José Alves Ramalho, de quem vi uma foto ao visitar a casa de Zélia Pordeus  Ramalho, tia de Zé, em João Pessoa, na Paraíba. Chorei mais ainda quando, ao começar “Vila do Sossego”, o músico paraibano ganhou apoio vocal de uma plateia lotada. Fiquei imaginando… Se tinham ali 5 mil pessoas e pelo menos 1% desse público comprasse o livro com a história do ídolo, eu já teria 50 leitores. E, se 1% daquela plateia de 3.400 do Master Hall, em Curitiba, com a qual me envolvi em junho, fizesse a mesma coisa, eu teria mais 34 compradores. Com 1% dos fãs que cantavam junto com Zé no Marco Zero, no Carnaval de Recife de 2010, no qual eu estava presente, acho que pelo menos 500 livros seriam vendidos.

É claro que sei que a conta não é essa. Estou só conjecturando uma hipótese, numa tentativa de me livrar desse sentimento de tristeza em relação a essa situação, contra a qual sigo lutando do meu jeito: colocando-me à disposição para conversas com políticos, artistas, editores e jornalistas; investindo sozinha na pesquisa sobre a vida e a obra de Zé; e estudando o assunto no mestrado, coisa que tem me feito correr mais e mais com o processo de produção do livro. Ou seja, com ou sem apoio, espero tê-lo escrito até o fim do meu curso.
Bom, mas, pelo que me lembro, esse post era sobre o show do Vivo Rio. Acho que muito já foi dito no post sobre o show de Curitiba, e o diferencial também foi exposto no início desse texto Agradeço aos que chegaram até aqui e a Zé por mais essa injeção de inspiração. Como moradora do Rio, devo admitir: Sim, eu também estava com saudade de vê-lo tocar na cidade em que moro.

Publicado no blog Garota FM da minha amiga Christina Fuscado

Fotos de Marco Amarelo, exceto a da plateia, que foi enviada por Ricardo Nunes.