domingo, 27 de junho de 2010

O POP BRASILEIRO DESCOBRE A MÚSICA DE ZÉ RAMALHO


"Novela das oito faz de Admirável Gado Novo um hit de novo e cantor passa a ser cult entre jovens"

Impossível não se emocionar quando a novela "O rei do ga­do" retrata a questão dos sem-terra ao som da versão original de "Admirável gado no­vo", lançada pelo seu autor, Zé Ramalho, em 1978, num show no Teatro Tereza Rachel. A inclusão da música na trilha da novela de Benedito Ruy Barbosa injetou no­vo ânimo na carreira de Ramalho, que já vinha sendo cultuado pela juventude nos shows que apre­senta pelo país. Para comemorar o revigoramento da sua obra, o cantor está lançando um novo disco, "Cidades e lendas", e se prepara para gravar outro CD, ao vivo, com Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo. O quarteto sobe ao palco do Cane-cão, em agosto, para registrar o show "O grande encontro".

— Vejo uma conexão do meu trabalho com a garotada, por cau­sa do lado pop da minha música
— explica Ramalho, aos 47 anos.
—Eu descobri os violeiros nor­destinos depois de ter conhecido Beatles e Rolling Stones. A soma do pop com o Nordeste deu em Zé Ramalho.

Antes de começar a tocar com Alceu, em 1974, Ramalho empu­nhava a guitarra para interpretar covers de sucessos pop em bailes nordestinos. Na visão dele, é essa proximidade com o pop que fez com que Cássia Eller e Biquíni Ca-vadão regravassem "Admirável gado novo", recentemente.

— Esse renascimento da músi­ca, quase 20 anos depois, me dá a impressão de que ela tem uma di­mensão que eu mesmo nunca imaginei — diz Ramalho.—Tiran­do o lado romântico, a questão dos sem-terra é a trama mais im­portante da novela, e "Admirável gado novo" é uma música de luta, de guerrilha. Ela foi feita em fun­ção da repressão do povo brasi­leiro. A letra é atual porque fala do conformismo do nosso povo.

Ramalho conta que, quando gravou a música no seu segundo disco, em 1979, chegou a receber "* telefonemas anônimos que lhe pediam "cuidado" com os versos desesperançados da letra. Hoje, ele se gaba disso e celebra tam­bém o atual sucesso de "Chão de giz" na voz de Elba Ramalho. Feliz com a idolatria dos jovens, que lotam seus shows e cantam suas músicas em coro, Ramalho revela que um grupo mineiro de heavy metal, Lorde pra Leão, regravou "Frevo mulher". Zé Ramalho agora è cult. (Mauro Ferreira).
Jornal O Globo em 03/07/1996

quinta-feira, 17 de junho de 2010

ZÉ RAMALHO RETORNA DEPOIS DE ESTIAGEM

"Ele lança LP após quatro anos sem gravar"

Ser mandado em­bora de uma empresa não é algo muito agradável, ainda mais para um músico. Zé Ramalho passou por essa experiência quando a Sony Music (antiga CBS), selo pelo qual havia lançado seus nove LPs, deu-lhe o bilhete azul em 1990. Nem mesmo ele acreditou quando, graças ao sucesso da canção Entre a Ser­pente e a Estrela, recebeu o convite da própria Sony para voltar. E eis que surge Frevoador, décimo trabalho do artista paraibano, após quatro anos de estiagem.
Quando gravou Entre a Ser­pente e a Estrela especialmen­te para a trilha da novela glo­bal Pedra Sobre Pedra, Zé Ra­malho estava sem contrato. "Fui convidado para gravar apenas essa música, que aca­bou fazendo sucesso de forma espontânea, nem tema princi­pal da novela ela é, e isso reacendeu o interesse da Sony por mim", explica o cantor, sem negar a surpresa que sen­tiu. "Essa coisa de ser manda­do embora e voltar para a mesma gravadora logo em se­guida é muito rara".
Para o artista de 42 anos. o fato de lançar um disco por ano o prejudicou. "Após os estouros de meus primeiros LPs, era obrigado a gravar to­do o ano, e isso fez com que a qualidade de meu trabalho caísse e, consequentemente, as vendagens também", relem­bra. Após Décimas de Um Cantador, em 1987, o artista acabou sendo deixado de lado pela gravadora. "No início, eu achei bom, pois tive tempo de me reciclar, compor com mais calma, mas não esperava ficar tanto tempo sem gravar", ad­mite o artista.
Mesmo sem novo disco, o cantor e compositor prosse­guiu fazendo shows, e em 1990 e 1991 apresentou-se nos Estados Unidos. "Mantive um público fiel, e isso me deu a oportunidade de ver que a mi­nha obra conseguiu sobreviver aos modismos, mesmo comigo longe da mídia", constata. Ele encara o sucesso de Entre a Serpente e a Estrela como algo muito positivo. "Não só pelo sucesso em si, mas principal­mente por não se tratar de uma música de minha autoria, o que me abre a oportunidade de mostrar o meu lado de intérprete".

As dez canções incluídas em Frevoador foram escolhidas pela Sony de um total de 25. "É um trabalho mais leve, que surgiu de forma espontânea", define. Entre outras, o LP tem a faixa-título, versão do suces­so Hurricane, de Bob Dylan, na qual o artista paraibano procurou colocar elementos brasileiros, e Nona Nuvem, ho­menagem a George Harrison que inclui citações de Here Comes The Sun, do ex-Beatle. "Sou fã dele, que era o mais místico do grupo, inclusive o título dessa música é a tradu­ção de um LP dele, Cloud Nine", revela.
Além do novo disco, Zé Ra­malho lançará outro em maio, pela série Academia Brasileira de Música. "Eu regravei músi­cas nordestinas de autores como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga e Geraldo Vandré, que são as minhas raízes, o que ouvi em primeiro lugar", diz, além de definir sua forma de compor. "Acho as fusões de diversos elementos fundamen­tais para a música, mesmo quando você erra. O risco vale a pena, pois dá para se fazer sempre a mesma coisa, e tam­bém acho necessário fugir dos estereótipos".

Jornal Folha de São Paulo em 15 de Abril de 1992

NOTICIAS

Pessoal estou há mais de uma semana sem internet na minha casa por isso a demora em postar novas matérias aqui.

Logo que puder postarei novidades ou matérias antigas e raras pra essa turma que faz parte da massa de Zé Ramalho.

Dia 30 provavelmente irei assistir o show em Pombal-PB, se tudo der certo postarei as fotos aqui.

Grande abraço à todos.

Rivanildo

terça-feira, 8 de junho de 2010

ZÉ E SUAS PALHETAS

Olha aí pessoal, pra quem não conhece, essas são as palhetas usadas pelo grande Zé em seus shows. Veja que as mesmas são personalizadas com seu nome.

Tive o prazer de ganhar algumas dele, e guardo-as com muito carinho.

Abraço à todos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

NOVAS MUSICAS

Pessoal as músicas no novo cd já podem ser ouvidas no site oficial do grande Zé Ramalho.

Clique Aqui para ouvir.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dez anos de Zé Ramalho

"Poeta do apocalipse", "místico" e "visionário" são alguns apelidos que Zé Ramalho •ganhou ao longo de sua carreira. Paraibano, cresceu ouvindo música nordestina e a ela uniu influências do pop urbano, principal­mente na parte instrumental.


Depois de fazer parte da banda de Alceu Valença, seguiu sozinho, lançou bons discos e conquistou seu lugar entre os "nordestinos" da MPB. Zé está completando 10 anos de carreira e lança seu 9 elepê, "Décimas de um Canta­dor" (CBS).


O título não se relaciona com a data, pois "décimas significa a modalidade dos versos, ou seja, versos de 10 linhas e cada linha com sete sílabas, de acordo com a linguagem de cantoria dos repentistas", explica Ramalho.


A mistura de sertão e capital produzida por Zé Ramalho continua neste disco que tem a particularidade de também fazer uma releitura de trabalho anterior do músico, em sucessos seus já gravados por outros ("Lua Semente" e "Mulher Nova Bonita e Carinho­sa faz o Homem Gemer sem Sentir Dor", ambas já gravadas por Amelinha), através de músicas incidentais ou pela presença dos Beatles, a maior influência estrangeira.


"Acredite Quem Quiser" é definida por Zé como "uma oração, um pedido a todos 'os deuses, crenças e fés", um spiritual (gênero entoado pelos escravos americanos nas igrejas) em estilo nordestino, que tem "Admirável Gado Novo'" (um dos maiores sucessos de Ramalho) como música inci­dental.
"Number 9" (do "Álbum Branco" dos Beatles) serve de abertura para "Décimas 'de um Cantador", poema de Zé (incluído no livro "Carne de Pescoço", de 1982) musicado pelo parceiro Flaviola; na balada "Pelos Telefones", Ramalho homenageia Bob Dy­lan, utilizando "Lay Lady Lady" como música incidental;
"Aldeias de Borborema" é uma tentativa de Ramalho para unir "Ocidente e Oriente" através da música nordestina, on­de ele consegue fazer uma viola soar em alguns momentos como se fosse uma cítara indiana:
"Mary Mar" é uma marchinha estili­zada cujo refrão é bem antigo, da época em que Zé cantava pelos bares de João Pessoa e era apaixonado por uma garota chamada Mary: os Beatles voltam em "Ser Boy", ver­são de "This Boy", uma homenagem a Lo­bão; "Hino de Duran" (de Chico Buarque). tema da "Ópera do Malandro", tem um des­fecho bem interessante, pois a música inci­dental ("Deixa Isso Pra Lá", velho sucesso de Jair Rodrigues), apesar de modificar total­mente o ritmo do "Hino", o faz de uma ma­neira tão suave que parece fazer parte do originai. Das músicas anteriormente grava­das por Amelinha, "Mulher Nova..." é o des­taque, recriada no clima de repente.


Hoje Zé não faz um trabalho tão acessível ao grande público, como nos seus primeiros discos. Depois de uma fase ruim. recupe­rou-se da falta de criatividade no elepê ante­rior e. agora, nos brinda com um dos mais interessantes álbuns de sua carreira.
Fonte: Jornal da Tarde em 15/09/1987 Salvador BA.